Gravidez parte I
A despeito do fato que de que entre 15 e 20 milhões de mulheres nos Estados Unidos estarem envolvidos em programas de exercícios organizados, há poucas pesquisas relacionadas aos efeitos fisiológicos do exercício durante a gravidez. Há ainda menos pesquisas especificamente relacionadas à prescrição de exercícios e treinamento resistido durante a gravidez. Isto é provavelmente decorrente das dificuldades com controles experimentais, preconceito próprio e preocupações éticas de exposição das mulheres grávidas aos riscos desconhecidos de saúde.Há razões teóricas para crer que o treinamento de potência pode ser benéfico para mulheres grávidas. Por exemplo, desenvolvimento de forças e flexibilidade muscular pode ajudar a compensar as alterações biomecânicas progressivas que ocorrem durante a gravidez, especificamente aquelas relacionadas à fraqueza da musculatura abdominal e à lombar. Além disso, níveis adequados de força e flexibilidade provavelmente contribuem para aumentar a capacidade para minimizar os exageros posturais, tais como cifose torácica e lordose lombar, ao quais frequentemente acompanham a gravidez. Adicionalmente, o exercício resistido tem demostrado transitoriamente aumentar o controle de glicose nos indivíduos diabéticos tipo II do sexo feminino, e pode ser útil no controle gestacional do diabetes. Dois estudos avaliaram os efeitos hemodinâmicos maternos do exercício isométrico. Assim como era de se esperar, ambos os estudos apresentaram uma elevada pressão arterial sanguínea média, bem como elevada taxa de frequência cardíaca média, na mãe, com exercícios isométricos agudo. Um dos estudos também demostrou que a média aumentada de pressão arterial era causada pela resistência periférica total aumentada. O débito cardíaco era mantido por um aumento na frequência cardíaca acompanhado por uma diminuição no volume de ejeção. Nenhuma mensuração direta das consequências para o feto do exercício resistido foi documentada. Entretanto, Sorensenet al. (1992) demonstrou não haver nenhuma alteração no fluxo sanguíneo na artéria braquial com estresse ortostático, o qual resultou em maiores alterações na resistência periférica total do que o exercício de extensão unilateral do joelho com 15% da contração voluntária máxima (CVM) sustentada até a fadiga.
Embora a teoria sugira que haja benefícios ao treinamento de força durante a gravidez, há uma pesquisa que avaliou o treinamento de força em mulheres grávidas. Cada indivíduo (N=452 se exercitando) tinha uma prescrição individual de exercícios que incluía treinamento aeróbio e treinamento de força. O treinamento de força era de treinamento resistido progressivo altamente supervisionado, onde era aumentada quando o indivíduo podia completar 12 repetições. Os grupos musculares treinados variavam entre os indivíduos, mas geralmente incluía os músculos do corpo todo. Mais resultados positivos sobre a gravidez, tais como uma menor taxa de cesarianas, escores mais elevados de Apgar e menor tempo de permanência hospitalar foram observados nas mulheres que participavam da maioria das sessões de exercícios. Não houve relatos de resultados negativos com qualquer indivíduo. As mulheres que estavam se exercitando relatavam subjetivamente uma auto estima melhorada, alívio da tensão, bem como menores desconfortos relacionados à gravidez. Aquelas que pararam de participar do programa por mais de duas semanas relataram maior incidência de dores lombares. Este estudo sugere que a combinação de programas de treinamento de força e aeróbio proporciona benefícios, com riscos aparentemente muito baixo nas mulheres com gravidez descomplicada. Há evidencia teórica, mas não empírica, para sugerir que as mulheres que estão na gravidez mais avançada deveriam evitar movimentos que envolvessem sobrecargas intensas nos limites da amplitude dos movimentos. Isto é baseado na frouxidão articular aumentada devido ao hormônio relaxina, o qual é mais pronunciado na gravidez avançada.
Fonte: Fonte: GRAVES JE, FRANKLIN BA. Treinamento Resistido na Saúde e Reabilitação. Revinter; 2006, 142-143
Gravidez Parte II – Recomendações
Em 1985, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (CAOG) publicou recomendações para exercícios e gravidez, embora eles não tenham diferenciado o treinamento aeróbio do resistido. Estas recomendações foram revisadas em 1994. O CAOG atualmente recomenda uma prescrição individual de exercícios e enfatizar que suas recomendações não são baseadas em experimentos prospectivos ou clínicos randonizados, mas em vez disso representem extrapolações da literatura existente. Eles observaram que não havia dados disponíveis para humanos para indicar que as mulheres grávidas deveriam limitar a intensidade de seus exercícios devido aos potenciais efeitos adversos. As recomendações correntes são propostas para mulheres grávidas sem fatores de risco adicionais para resultados maternos ou perinatais adversos.
Recomendações da CAOG para Gravidez e Pós Parto (1994)
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Durante a gravidez, as mulheres podem continuar a se exercitar e tirar benefícios de saúde de rotinas de exercícios de intensidade suave à moderada. Exercícios regulares (pelo menos três vezes por semana) são preferíveis a atividades intermitentes.
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As mulheres deveriam evitar exercícios na posição supina após o primeiro trimestre. Tal posição está associada ao débito cardíaco diminuído na maioria das mulheres grávidas; porque o débito cardíaco remanescente será preferencialmente distribuído para fora dos leitos esplâncnicos (incluindo o útero) durante o exercício vigoroso, é melhor se evitar tais regimes de exercícios durante a gravides. Períodos prolongados em posicionamento estático devem também ser evitados.
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As mulheres devem ser alertadas sobre a disponibilidade diminuída de oxigênio para exercícios aeróbio durante a gravidez. Elas devem ser encorajadas a modificar a intensidade de seus exercícios de acordo com os sintomas maternos. Mulheres grávidas deveriam parar de se exercitar quando em fadiga e não se exercitam à exaustão. Exercícios com o peso corporal podem, sob algumas circunstancias, ser contínuos ao longo da gravidez com intensidades similares aqueles anteriores à gravidez. Exercícios que não utilizem como resistência o próprio peso corporal, tais continuidade dos exercícios durante a gravidez.
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Alterações morfológicas na gravidez deveriam servir como uma contra indicação relativa a determinados tipos de exercícios nos quais a perda de equilíbrio poderia ser prejudicial ao bem estar da mãe ou do feto, especialmente no terceiro trimestre. Além disso, qualquer tipo de exercício envolvendo o potencial para um trauma abdominal mesmo que suave deveria ser evitado.
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A gravidez requer um consumo adicional de 300 kcal/dia visando manter a homeostase metabólica. Assim, mulheres que se exercitam durante a gravidez deveriam estar particularmente atentas para se assegurarem que estão sob uma dieta adequada.
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Mulheres grávidas que se exercitam no primeiro trimestre de gravidez deveriam aumentar a dissipação de calor assegurando uma hidratação adequada, vestimenta apropriada, e um ambiente ótimo ao redor durante o exercício.
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Muitas das alterações fisiológicas e morfológicas da gravidez persistem de 4-6 semanas após o parto. Assim, as rotinas de exercícios pré gravidez devem ser retomadas gradualmente baseadas na capacidade física da mulher.
Fonte: Fonte: GRAVES JE, FRANKLIN BA. Treinamento Resistido na Saúde e Reabilitação. Revinter; 2006, 142-143