GENÉTICA
Porque uma dieta igual não trás o mesmo resultado para duas pessoas ?
A influência da dieta na saúde pode depender da constituição genética.
A própria escolha dos alimentos e o apetite certamente são influenciados pela constituição genética. Sabe-se, de fato, que as necessidades de alimentos, nutrientes e compostos bioativos variam de um indivíduo para o outro e influenciam o risco individual de doenças ao longo da vida por exemplo.
A NUTRIGENÔMICA surgiu neste contexto, estudando como alimentos, nutrientes e outros compostos bioativos ingeridos influenciam o genoma. Ela permite estudar ao longo do tempo a influência da dieta na estrutura e expressão dos genes, favorecendo condições de saúde ou de doença.
A NUTRIGENÉTICA estuda como a constituição genética de uma pessoa afeta sua resposta à dieta.
1 – Os componentes da dieta comum atuam no genoma humano, direta ou indiretamente, alterando a expressão ou estrutura gênica.
2 – Sob certas circunstâncias, e em alguns indivíduos, a dieta pode ser um fator de risco sério para algumas doenças.
3 – Alguns genes regulados pela dieta (e suas variantes normais) provavelmente desempenham um papel no início, na incidência, na progressão e/ou na severidade de doenças crônicas.
4 – O grau pelo qual a dieta influencia o balanço entre os estados de saúde e a doença pode depender do componente genético individual.
5 – Intervenções dietéticas, baseadas no conhecimento do requerimento nutricional, do estado nutricional e do genótipo (isto é, nutrição individualizada), podem ser usadas para prevenir, atenuar ou curar doenças crônicas.
A EPIGENÉTICA é definida como o estudo das mudanças na atividade do gene que não envolvam alterações na sequência do DNA. Por exemplo, as mudanças do nosso ambiente que geram mudanças na nossa herança celular. Neste contexto, caracteriza-se o Fenômeno Epigenético: qualquer atividade reguladora de genes que não envolve mudanças na sequência do DNA (código genético) e que pode persistir por uma ou mais gerações.
O conceito da epigenética se traduz pelas adaptações que animais e plantas podem sofrer em seus genes sem que eles tenham alterações no DNA, que dão a receita para o organismo produzir as proteínas reguladoras das funções do corpo.
Confuso? Pense no seu rosto. Você pode cortar o cabelo curtinho ou deixá-lo crescer. Suas aparência mudará, mas os traços - formato do nariz, cor do olho - continuarão os mesmos. Uma marca epigenética funciona mais ou menos assim.
Ela é diferente de uma mutação, que é a mudança na essência do gene, e pode ser desencadeada por um fator externo. (que vai desde o estresse a exposição a químicos, por exemplo).
Os Fatores Ambientais
A epigenética é uma mudança na maneira como um gene é "ligado" ou "desligado". Todas as nossas células contêm exatamente o mesmo código genético. Mas a maneira como ele é "expressado" varia.
Fatores ambientais, como alimentação, poluição, uso de drogas, prática de exercícios, contato com substâncias tóxicas, podem alterar esse padrão de liga e desliga, deixando uma "marca" epigenética que é transmitida a cada nova divisão celular no mesmo corpo.
A nutrição materna, tendo um papel essencial em relação à ocorrência de alterações epigenéticas que favorecem a ocorrência de doenças na fase adulta, merece toda a atenção: deve ser adequada em calorias, gorduras, proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, de preferência sob a óptica da Medicina Funcional, para diminuição do risco de ocorrência de doenças no novo ser em formação.
A compreensão do mecanismos nutrigenômicos, nutrigenéticos e epigenéticos são necessários para se compreender a variabilidade dos requerimentos nutricionais dos seres humanos e para se desenvolver biomarcadores eficazes, bem como para se determinar a disposição individual e a “programação” de um organismo para a ocorrência de determinadas doenças.
Não resta dúvida de que o futuro da Epigenética Nutricional será brilhante para tanto para o uso preventivo quanto para o terapêutico.
REFERÊNCIA:
DAL BOSCO, S.M.; GENRO, J.P. Nutrigenética e implicações na saúde humana. Rio de Janeiro: Atheneu, 2014.