A dor serve como função protetora por sinalizar a presença de condições nocivas, lesivas aos tecidos. Os nociceptores são receptores que respondem a estímulos nocivos que podem ser químicos, mecânicos ou térmicos. A ativação dos nociceptores inicia respostas adaptativas protetoras, como a ação reflexa de retirar o pé após pisar em um objeto pontiagudo acidentalmente.
Os nociceptores são terminações nervosas livres encontrados em todos os tecidos do corpo com exceção ao encéfalo. A estimulação dos nociceptores se dá pela liberação de substâncias químicas, como prostaglandinas, cininas ou, até mesmo, íons potássio. Algumas situações podem produzir dor, as quais podemos citar a distensão ou dilatação excessiva de uma estrutura, contrações musculares prolongadas, espasmos musculares ou isquemia.
A dor foi classificada em dois principais tipos: dor rápida e dor lenta, A dor rápida ocorre dentro de um tempo da ordem de 0,1 segundo após a aplicação do estímulo doloroso, enquanto a dor lenta só começa após 1 ou mais segundos depois da aplicação do estímulo, aumentando, então, lentamente por muitos segundos ou, às vezes, minutos.
Na dor rápida os impulsos neurais são conduzidos por axônios mielinizados de calibre médio, chamados fibras A-delta. Esse tipo de dor é sentido quando uma agulha é espetada na pele, ou quando a pele é cortada por uma lâmina, ou, ainda, quando a pele é submetida a um choque elétrico. Esse tipo de dor (rápida, em pontada) não é sentido na maior parte dos tecidos corporais profundos.
A dor lenta também é conhecida por muitos outros nomes, dor em queimação, dor continuada, dor latejante, dor nauseante e dor crônica. Os impulsos para a dor lenta são conduzidos por fibras de pequeno diâmetro e amielínicas, as fibras C. Esse tipo de dor está comumente associado à destruição tecidual. Ela pode tornar-se cruciante e levar a um sofrimento prolongado e insuportável. Esse tipo de dor pode ocorrer tanto na pele como em qualquer tecido ou órgão profundo (BERNE et al., 2004; GUYTON e HALL, 2006 p. 443; TORTORA e GRABOWSKI, 2002 p. 445).
Segundo Tortora e Grabowski (2002) a dor rápida é localizada, com muita precisão, na área estimulada. A dor lenta também é bem localizada, mas pode ser mais difusa, com a percepção numa área mais ampla. Em muitos casos de dor visceral a percepção da dor ocorre abaixo da pele que fica por cima do órgão estimulado, denominada de dor referida. A dor referida também pode ser sentida em área da superfície distante do órgão estimulado. Esse fenômeno ocorre em razão do órgão visceral afetado e a área para onde a dor é referida serem influenciados pela mesma região na medula espinhal.
Zanela C. Fisiologia Humana. 2015